A premiação de Tropa de Elite, do cineasta José Padilha, com o Urso de Ouro em Berlim, foi destaque na imprensa internacional nesta segunda-feira.
Na Espanha, o El País publicou uma entrevista com Padilha, feita antes da premiação, na qual o diretor afirma que "nem a esquerda nem a direita podem resolver tanta corrupção no Brasil."
Segundo o jornal, o sábado foi um grande dia para Padilha, afirmando que ele "se consagrou em Berlim como um dos jovens talentos latino-americanos de mais futuro, depois de ganhar o Urso de Ouro do festival (de Berlim) por seu magnífico e contundente filme Tropa de Elite.
O El País afirma que "este jogador curtido no cinema documental com trabalhos como Ônibus 174 quer conquistar e alarmar a Europa depois de ter se convertido em um fenômeno no Brasil de forma muito pouco ortodoxa: o fato de que quase 11 milhões de brasileiros viram o filme em cópias ilegais, antes que ele estreasse no cinema, não impediu que ele arrasasse nas salas depois".
Em Portugal, o Correio da Manhã inicia a matéria com uma declaração de Padilha: "O Brasil tem uma das polícias mais corruptas e violentas do mundo. Enquanto que nos Estados Unidos, que têm 350 milhões de habitantes, morrem por ano 200 pessoas às mãos da polícia, só no Rio de Janeiro, que tem apenas dez milhões, perdem a vida anualmente 1,2 mil pessoas".
"É uma estatística tenebrosa, mas que ajuda a compreender as sementes de ultra violência por detrás de Tropa de Elite", afirma o Correio da Manhã, que ainda ressalta que Padilha teve que negociar tanto com a polícia como com traficantes, para realizar as filmagens.
Na Grã-Bretanha, o Financial Times destaca que "filmes de guerra venceram a batalha pelos principais prêmios em Berlim". Segundo a reportagem, "o Urso de Ouro e o Prêmio Especial do Júri foram entregues a filmes sobre diferentes tipos de guerra".
"O brasileiro Tropa de Elite, de José Padilha, nomeado melhor filme, é um violento e realista épico sobre a violência da polícia no Rio de Janeiro", afirma o FT. O outro filme a receber um dos principais prêmios foi um documentário americano sobre as atrocidades cometidas na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.
"Os filmes de Padilha e (Errol) Morris são exemplos contrastantes de um novo tipo de cinema, ou talvez, de um velho tipo renovado para o novo milênio."
Segundo o jornal, as duas produções são extremamente contemporâneas, onde o único intervalo de tempo é entre a idéia de se fazer o filme e a última edição, referindo-se a Abu Ghraib, que ficou conhecida em 2004, e afirmando que Padilha teve a primeira idéia para Tropa de Elite há cinco anos.
O FT, bem como outros jornais, comentou também a surpresa com a nomeação, já que o filme apontado como favorito pelos críticos era Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson.
"Nenhum dos filmes é livre de defeitos, alguns, flagrantes. Igualmente, a nenhum falta inteligência ou indignação contagiosa, qualidades que teriam agradado (o famoso cineasta grego, diretor de Estado de Sítio e Z) Costa-Gavras", afirma o jornal.
Fonte: terra
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